Outono na Serra da Estrela

22 Novembro, 2012

Na realidade trabalha-se com poucas cores. O que dá a ilusão do seu número é serem postas no seu justo lugar.
Pablo Picasso

São 19 horas da tarde do dia 16 de Novembro de 2012 quando na companhia do Luís Afonso deixo Lisboa rumo ao centro do país e de encontro à Serra da Estrela. Para muitos, a única época do ano para visitar o ponto mais alto de Portugal continental restringe-se ao Inverno, devido à neve, mas para nós, amantes da fotografia de paisagem, o Outono assim como o Inverno, é outra das épocas que torna obrigatória uma incursão a este Parque Natural.

Fotografia de Henrique Santos

Na manhã seguinte, já em Manteigas, ao abrir a janela do quarto do hotel em que me encontro alojado fico boquiaberto ao (re)ver parte do Vale Glaciar de Manteigas completamente mergulhado numa amálgama de cores! O verde, o amarelo, o vermelho e o laranja são as cores predominantes. As primeiras chuvas de Outono trouxeram vida e as águas do Zêzere serpenteiam agora de forma ondulante por entre o vale. As cascatas e riachos que outrora jaziam mortas fruto da seca do Verão jorram agora água de forma abundante. É o Outono em todo o seu esplendor neste incrível espectáculo proporcionado pela mãe natureza.

Fotografia de Natacha Oliveira

A chuva pregou-nos uma partida neste primeiro dia e o que inicialmente era para ser um workshop de fotografia de nível iniciado, rapidamente se transformou num workshop de nível avançado, com componente avançada de composição e iniciação à utilização do software de edição Lightroom. Consequência directa dos efeitos da meteorologia, os participantes ávidos de premirem o botão disparador das suas câmaras fotográficas teriam de esperar mais um dia até o poder fazer. A duração do workshop também foi prolongada e iria ter uma duração de mais 4 horas do que o inicialmente previsto, mas o nosso objectivo estava bem definido: não defraudar as expectativas de quem nos procurou para esta actividade.

Fotografia de Rui Alcântara

O que também não ficou defraudado foi o nosso apetite, aguçado com a perspectiva de saborear algumas das iguarias locais, mostrando que a Serra da Estrela também é um local de eleição no que à gastronomia diz respeito. Certamente as nossas silhuetas ficaram ligeiramente maiores depois deste primeiro dia de workshop…

Fotografia de Pedro Fernandes

Os primeiros raios de sol iluminam o Cântaro Magro, ainda que difusamente, fruto de algumas nuvens que teimavam em não deixar o astro rei de forma plena beijar com a sua luz quente o frio e gélido cântaro. Aqui os participantes foram incentivados a fotografar de forma apaixonada e caso não o fizessem teriam de mergulhar nas águas geladas da pequena barragem que se encontra no Covão da Ametade. Terá sido por causa desta ameaça que os resultados foram tão bons? Certamente que não! Como o caro leitor se deve ter apercebido, já estamos no segundo dia do workshop de Outono na Serra da Estrela.

Fotografia de Nuno Henriques

Alguns minutos após a hora dourada havia ainda muito a fotografar, sendo que a principal atracção dos “nossos” fotógrafos foca-se agora nas cascatas, cogumelos, reflexos e nas coloridas árvores. Um mundo de oportunidades fotográficas que os nossos participantes não deixaram passar em vão.

Fotografia de Filipe Rodrigues

Eram dez horas das manhã quando fomos de encontro ao pequeno-almoço que serviu para repor energias e para aquecer a alma, tal o frio que se fez sentir no Covão da Ametade. E que bem que soube a lareira acesa na sala de refeições. Já revigorados e com novo alento, era tempo de voltar à magia da serra de camara em punho.

Fotografia de João Nacho Pereira

De Manteigas ao Poço do Inferno distam cerca de 8 km e normalmente não se demora mais do que 20 minutos a percorrer a sinuosa estrada que nos leva de encontro à magistral cascata que lá se encontra. Desta vez demorámos cerca de 4 horas a percorrer esse trajecto. A panóplia de cores que pinta as árvores é tal que se torna difícil de decidir o motivo a ser fotografado. Antes de visitarmos a cascata e ainda no parque de estacionamento, a folhagem de um velho carvalho fez durante largos minutos as delícias dos participantes assim como no mesmo local a fabulosa vista sobre o Vale de Leandres “obrigou” os participantes a utilizarem a sua teleobjectiva para captar quiçá momentos únicos e irrepetíveis. Para finalizar este dia apaixonante, uma visita à imponente e deslumbrante cascata do Poço do Inferno, que para mim é sempre deliciosa de se ver, tal a beleza que emana. As suas águas puras e cristalinas embatiam com tal força contra a fraga que a circunda que era difícil de aproximar e fotografar. Nem este factor demoveu os nossos participantes de fotografar um dos ícones do Parque Natural.

Fotografia de Susana Fonseca

Chegava assim ao final um dos mais emblemáticos workshops Fotonature. Como sempre, quem nos acompanhou nesta actividade esteve irrepreensível e muito abnegado nesta missão de fotografar a colorida Serra da Estrela neste Outono. O caro leitor percebe agora porque costumamos dizer que provavelmente temos os melhores participantes do mundo?

Mais fotografias e por certo muitas aventuras daqui a menos de 15 dias em Mértola. Além do centro histórico, fica a promessa de visitarmos o Pulo do Lobo e as catastróficas Minas de São Domingos. Quer juntar-se à nossa equipa?