Workshop Minas de São Domingos

16 Novembro, 2011

As ruas e ruelas de Mértola escondem estórias que ajudaram a construir a história de Portugal. Ao caminhar pelas calçadas da vila sente-se no ar a influência e o legado deixado pelos romanos e islâmicos na cultura local e que se propagou um pouco por todo o país. Num país onde muitas vezes são postos em causa os nossos valores e identidade aconselhamos uma vista a Mértola. Aqui essa crise não existe!

Este workshop foi como uma viagem no tempo a várias épocas e distintas vivências das nossas gentes. Os museus, a igreja matriz e o castelo por nós visitados deixaram-nos autenticamente esmagados pela sua beleza e pelo admirável estado de conservação, transparecendo a todos nós a paixão que é colocada pela autarquia sempre que o assunto é o passado desta maravilhosa vila. As explicações da sempre simpática Sílvia Valente durante a visita guiada foram fundamentais para que todos ficássemos a conhecer um pouco do que foi a vida e o quotidiano dos locais durante eras distintas.

Após o termo da parte cultural deste workshop visitámos um local que continua intacto no tempo. Por certo, os romanos e os islâmicos faziam aquilo que nós também fizemos: contemplar o deslumbrante Pulo do Lobo.

Fotografia de Vítor Tomás

Fotografia de Vítor Tomás

Dito desta forma, e quem não conheça, questionará o que é o Pulo do Lobo. O Pulo do Lobo é a mais alta queda de água do Sul de Portugal com cerca de 20 metros. Localizada no rio Guadiana situa-se a montante da vila de Mértola. As suas águas são límpidas e cristalinas e o seu nome deriva de uma lenda segundo a qual um lobo, atrás de uma presa, terá transposto as suas margens com um único salto. Verdade ou mentira, uma coisa não se pode questionar: a beleza e imponência do local!

Fotografia de Luís Leal

Fotografia de Luís Leal

Fotografia de Vítor Tomás

Fotografia de Vítor Tomás

Depois da visita ao Pulo do Lobo todos nós demos um pulo até ao restaurante para o mais que merecido jantar convívio. Foi agradável ver a interação que se gerou entre todos, com a partilha de ideias e experiências da vivência – sobretudo fotográfica – de cada um.

Fotografia de João Santos

Fotografia de João Santos

Era domingo e religiosamente todos estavam às 6h45 da manhã em frente à praia fluvial das Minas de São Domingos, um local aprazível e muito bem cuidado, em que o silêncio e sossego que a manhã consigo transporta apenas era interrompido – ainda que de forma fugaz – pelo som dos tiros dos caçadores. Foi um amanhecer tranquilo e bucólico, onde o sol apareceu ainda que de forma muito tímida.

Fotografia de Luís Leal

Fotografia de Luís Leal

E de repente entrámos em Marte, como alguém referiu, ou não estivéssemos nós na corta das Minas de São Domingos. O local onde era feita a extração do minério hoje em dia não é mais que uma fenda gigantesca a fazer lembrar a cratera de um vulcão. A presença de vários materiais como a blinda, calcopirite, pirite, enxofre, cobre e zinco, confere às margens da corta um aspeto colorido muito diversificado e… marciano.

Fotografia de Luís Leal

Fotografia de Luís Leal

Alguém consegue imaginar um cenário de “fim do mundo”? Pois bem, o que a nossa imaginação gera sempre que se tenta recriar uma cenário apocalíptico pode ser encontrado onde era tratado o minério após a sua extração. As antigas fábricas apresentam nos dias que correm um elevado estado de degradação e facilmente nos cruzamos com poças de água completamente vermelhas, amarelas e verdes. Em alguns dos locais a rocha é de cor roxa e se olharmos com atenção, facilmente nos deparamos com lama que mais faz lembrar uma tablete de chocolate. É um local com um aspeto desolador, mas que para nós fotógrafos, apresenta um número infindável de oportunidades fotográficas. Não é por acaso que alguns grupos de música portuguesa, como os Basted Mechanism ou os Klepth, vieram a este local lunático filmar os seus videoclips.

O sucesso deste workshop deveu-se em grande parte à diversidade de cenários, com 3 componentes distintas: cultural e arquitetónica, paisagística e apocalíptica. Chave fundamental para o sucesso, o espírito com que todos os participantes estiveram embutidos durante o decorrer do mesmo.

Por fim, uma palavra para a Câmara Municipal de Mértola e os nossos muito obrigados ao Manuel Passinhas, Manuel Marques e à Sílvia Valente. Sem o vosso apoio, este workshop não teria tido o sucesso que se veio a verificar.

As aventuras fotonature, continuam no próximo final de semana no maravilhoso Parque Natural Serra da Estrela.