Workshop Casa da Insua
2 Novembro, 2011
Lisboa, 28 de Outubro, 15h: eu e o meu amigo e colega de projeto Pedro Bento entramos no carro numa das ruas mais antigas de Lisboa. À nossa frente esperam-nos 309km, muita conversa e alguns – muitos – vislumbres à paisagem da floresta central de Portugal. Destino: Penalva do Castelo. Mas esta viagem começa muitos dias antes, quando após um workshop de rua na cidade de Lisboa fomos convidados por um dos participantes a fazer um programa numa das casas senhoriais mais bonitas do nosso país. Mal podíamos esperar…
Pouco depois do por do sol entramos no magnífico portão da oitocentista Casa da Ínsua. A luz da noite esconde muito do que só iríamos ver no dia seguinte, mas a paz e a história que se respiram são indescritíveis.
Passada uma noite de descanso, após um delicioso pequeno-almoço onde degustamos variados produtos da casa, está na hora de ir lá para fora testar o jogo que preparamos para os nossos participantes. O Pedro, qual ratinho de laboratório, segue as dicas impressas no papel e de fonte em fonte, de lago em lago, de árvore em árvore percorre a meu lado toda a quinta. A meio da viagem estamos já completamente extasiados com a beleza do local. No coração da mata verdejante as cores de outono já se fazem sentir e os medronhos que apanhamos do chão para comer e o azevinho que cresce em dois locais mágicos da quinta lembram que estamos perto da época festiva do Natal e do pico das cores que fazem a folia de qualquer fotógrafo de paisagem. Passam-se duas horas e meia num ápice e o contacto com a natureza naquele dia perfeito de outono deixa-nos serenos, mas também empolgados. Ainda não fomos embora e já fazemos planos para voltar…
Luís durante a volta pela quinta
Pausa para uma rápida refeição e está na hora de receber os nossos participantes que neste caso são também hóspedes da Casa da Ínsua. Passadas as habituais apresentações, onde descobrimos que todos ali estão também para usufruir da magia do espaço e do jantar gourmet que estava guardado para a noite de sábado, começa a sessão teórica onde se apresentam os conceitos básicos da fotografia e se partilha o que se deve fazer para usufruir ao máximo da fotografia de viagem. A sessão é necessariamente rápida, uma vez que este não é um normal workshop fotonature integrado no calendário anual. Aqui privilegia-se o gozo de viver um espaço tão singular e não o enfoque completo na fotografia. Equilíbrio é o que se procura e haverão poucos sítios no mundo onde isso possa ser melhor alcançado no que em terras da Ínsua.
Sessão teórica
A organização presenteia-nos a todos com um lanche que pretendemos que seja rápido, pois a luz lá fora está no ponto ideal para dar início à prática. Mas o queijo de ovelha curado, o doce da maçã bravo de Esmolfe e o vinho da Ínsua, todos produtos da quinta, vestem o papel de tudo menos de nossos aliados… Depois de algumas melosas insistências lá conseguimos arrastar os participantes lá para fora.
Grupos a postos e está na hora de colocar na prática a técnica já apresentada na teórica. Com mais ou menos dificuldade, e de acordo com o nível de conhecimento de cada um, vão-se testando aberturas e velocidades, consultado histogramas, sempre com recurso a muita sensibilidade. No fim da tarde, o por do sol que se apresenta perante nós faz-nos roer de inveja e ouvem-se os formadores dizer em jeito de brincadeira: “Nós é que devíamos estar a fotografar…”. Mas nos workshops fotonature, os formadores estão 100% dedicados aos participantes e os únicos cliques que produzem são dos próprios participantes em ação. Para mais tarde recordar.
Participantes em ação na sessão prática nos jardins da Casa da Ínsua
Tempo para uma rápida visita aos espaços interiores da Casa. A simpática diretora do hotel faz as honras da casa e todos vão retendo algumas dicas importantes para o jogo do dia seguinte. Entre história e muitas revelações, ficamos a conhecer um espaço verdadeiramente singular e a conhecer os responsáveis pela sua criação e todo o seu visionário empreendedorismo.
Visita guiada ao interior da Casa da Ínsua
Breve pausa para retemperar forças e enquanto os participantes se aperaltam para o jantar, nós formadores damos um toque final no jogo de amanhã. Imprimem-se as folhas de participação e está tudo pronto. Do jantar, pouco queremos partilhar com quem não lá esteve… Perdoem-nos este pequeno egoísmo, mas há momentos que são só de quem os respira. A única coisa que podemos dizer é que o convívio acabou bem para lá da meia-noite e entre risos, muita conversa e muita emoção, a refeição estava excelente. Ah, e os excelentes vinhos da Casa da Ínsua também tiveram um palavra a dizer nisto tudo… 😉
No dia seguinte, manhã cedo, reunimo-nos de novo ao pequeno-almoço e passado o tempo de retemperar o corpo estava tudo pronto para ir lá para fora espicaçar a alma. O jogo está prestes a começar!
As regras eram simples. O objetivo era decifrar uma série de charadas e encontrar os locais espalhados por toda a quinta. E em vez de os marcar num qualquer papel, todos teriam de os fotografar. Mais ou menos rápidos, mais ou menos criativos, mais ou menos cansados, todos conseguiram participar no jogo num espírito de grande companheirismo, muita partilha e grande sentido emotivo. E os resultados finais só poderiam mostrar isso mesmo. No fim, apenas uma equipa passou todas as provas no tempo limite e levou para casa um pequeno mimo oferecido pela fotonature e pela Montebelo Hotels & Resorts. Mas vencedores foram todos, tal foi a entrega e a paixão com que viveram estas duas horas em conjunto.
No fim do programa, passaram-se as fotos e todos riram, sorriram, aplaudiram. Sem exceção, as fotos falaram por si e numa sessão em que o equilíbrio entre fotografia, aprendizagem e turismo se procurou, todos estavam de parabéns pelos resultados obtidos.
No regresso a casa estávamos cansados mas com um grande sorriso nos lábios. “Foi fantástico! Temos de voltar.”, confidenciava-mos entre nós entre Penalva e Lisboa. As saudades que temos da Casa da Ínsua e de todos os que lá nos receberam, dos magníficos jardins, mata, lagos, cascatas e pomares, da secção museológica da casa, dos produtos locais, do bom gosto do espaço e todo o cuidado que foi posto na recuperação de um espaço que é dos mais bonitos do mundo é imensa. Mas também a amizade que levamos de todos os que connosco partilharam este fim-de-semana perdurará nas nossas memórias.
Foi sem dúvida um dos pontos altos de 2011! Até breve.
A fotonature deseja agradecer à Montebelo Hotels & Resorts e à Visabeira Turismo, em especial à Carla Graça, o convite que lhe foi feito para participarmos neste programa de sonho. À Andreia Rodrigues e a toda a sua equipa o nosso muito obrigado pela forma como nos acolheram.