Natureza em Sintra-Cascais

20 Setembro, 2012

Sábado, 15 de Setembro e o relógio marca as 10 da manhã. O último workshop em que tive o privilégio de vestir a farda de formador fotonature foi há mais de dois meses e para falar verdade já estava com saudades de voltar a partilhar convosco esta paixão imensa pela fotografia.

Desta vez, estava predestinado o regresso aos magníficos locais do parque natural Sintra-Cascais e podia dizer-se que estava tão ansioso quanto os nossos participantes. 90% dos que se apresentam nesta sessão são novatos no maravilhoso mundo da fotonature. Por muito que gostemos de rever os nossos repetentes, que tratamos sempre com redobrada cumplicidade, conhecer pessoas novas permite-nos a partilha do que fazemos de forma mais completa. Sentimos que chegamos mais além sempre que alguém se inscreve pela primeira vez numa das nossas ações.

Passada a habitual sessão teórica, que ocupa por completo a manhã de sábado, partimos em direção à Lagoa Azul para um pic-nic à sombra dos pinheiros mansos que habitam o local. E tem mesmo de ser à sombra, pois os termómetros sobem bem para lá dos 25 graus.

Fotografia de Ana Branco

Forrado o estômago e está tudo pronto para começar. Abrem-se os tripés, preparam-se as câmaras e de ouvidos e intelecto bem atentos os participantes começam a interiorizar o que eu preparei para lhes dizer. Afinal, a dSLR não é nenhum bicho de sete cabeças e o que se aprendeu na parte teórica da manhã é muito mais fácil de perceber quando na prática. Aberturas, velocidades, sensibilidades e histogramas: tudo é dominado num abrir e fechar de olhos! Fazem-se as primeiras fotos, ainda sem o stress de acertar a composição e testa-se o acerto da exposição. De forma calma e metódica. O objetivo é deixar a lagoa azul com o sentimento que nunca mais se falha uma exposição na vida.

O tempo passa a correr e pomo-nos em marcha para um novo local. A meio do caminho encontramos uma prova de skates, a provar que os fins-de-semana são perfeitos para nos mantermos ativos. Depois de meia-volta maior do que o esperado lá chegamos ao Cabo Raso perto de Cascais. A luz ainda está muito forte e nada apelativa para o género de fotografia que estamos a tentar fazer, mas o tempo é aproveitado para solidificar o conhecimento da exposição e para testar o uso dos filtros graduados em densidade neutra. Depois de distribuídos filtros por todos, explica-se o seu uso e principalmente atesta-se a sua importância. Mais uma etapa atingida e está quase na hora mágica do por-do-sol.

Fotografia de Nuno Ferreira

Já na magnífica praia do Abano, depois de uma curta mas concorrida viagem – parece que a praia do Guincho levou a peito o facto de ter sido distinguida com o título de 7 Maravilhas e agora é ainda mais um spot bastante concorrido… – a fila de nuvens cirrus no horizonte parecia promissor. As rochas que delimitavam a praia estavam lindas a receber a luz dourada do fim do dia e eu estava excitado com a perspetiva de um por do sol de sonho. Ainda que nos workshops fotonature os formadores não fotografem (a não ser os participantes), é sempre imensamente recompensador que os participantes usufruam de um tempo espetacular e nos façam roer de inveja por estarmos ali sem fotografar. Infelizmente, São Pedro não quis nada connosco e a habitual neblina junto ao mar instalou-se de armas e bagagens, tornando banal aquele fim de tarde. Felizmente, a atitude dos participantes foi tudo menos consonante com o tempo presente e fez com que no fim daquele dia, ao voltar para casa, sentisse um sentido de dever cumprido. “Gostei muito deste dia”, diziam em coro duas das participantes na viagem de regresso a casa. Só por isto, já valeu a pena, pensava eu…

Fotografia de Alexandra Fernandes

Na manhã seguinte, depois de acordar às 5h30, era hora de nos encontrarmos todos para o amanhecer na praia da Adraga. Mais uma vez, o céu estava fantástico durante a viagem, mas ao chegarmos à praia observamos incrédulos a um manto de nevoeiro que cubria todo a praia. Pela primeira vez assistia a um amanhecer cinzento em plena praia…

Fotografia de Graça Pereira

Passado uma hora resolvemos deixar o local, pois nada de verdadeiramente especial iria ali acontecer. Decidimos ir visitar um local ali perto, onde o nevoeiro, se estivesse presente, seria ouro sobre azul: a floresta da Peninha.

Já devem estar a adivinhar que chegamos ao local e nem um molécula de neblina pairava no ar. Ainda assim, resolvemos explorar novas técnicas e mostrou-se aos participantes a dificuldade de fotografar na floresta. Acho que a próxima vez que voltarem a um local semelhante vão olhar para as árvores de outra forma.

Fotografia de Ana Ferreira

Com o tempo a correr, resolvemos visitar outro local que não estava no programa. Talvez assim São Pedro nos brindasse com uma agradável surpresa. Mas não… voltamos à beira-mar e o funesto nevoeiro continuava lá. Tempo para a foto de grupo e para voltar a Lisboa para a sessão de análise fotográfica.

Mesmo com todas as provações em termos de clima, esta última sessão de análise serviu para mostrar que se fizeram fotos muito boas neste workshop e principalmente para perceber o que resultou e o que deve ser corrigido numa próxima saída. O objetivo dos nossos workshops é sempre o de dar as bases para que cada um explore com mais intensidade e paixão (e mais conhecimento) esta arte maravilhosa e penso que isso foi conseguido neste fim-de-semana.

Fotografia de Clara Ramos

Resta-me agradecer a todos os presentes a dedicação e o empenho posto neste workshop difícil, a provar que a paisagem natural não é de todo um género menor e mais fácil. Estamos completamente à mercê da mãe natureza e fazer grandes fotos nesta área exige esforço, dedicação e muita persistência. Estou certo que este ensinamento todos levámos deste magnifico fim-de-semana.

Fotografia de Henrique dos Santos

Os workshops de paisagem natural continuam no próximo mês de Outubro para um workshop já esgotado de nível avançado na Costa Algarvia. Até breve!