Workshop Piodão e Serra do Açor

14 Dezembro, 2011

Actualmente existem 12 aldeias em Portugal classificadas como “aldeias históricas” que na sua grande maioria se encontram localizadas na Beira Alta e na Beira Baixa. A nossa proposta para um dos últimos workshops fotonature de 2011 levou-nos pelos percursos sinuosos da Serra do Açor e de encontro à histórica Aldeia do Piódão. A sua posição cenográfica, encastelada na serra do Açor e em forma de anfiteatro, concede a esta aldeia o título de “presépio de xisto”. Não são apenas as casas que são construídas em xisto. As estreitas e tortuosas ruas desta aldeia também o são, conferindo-lhe uma beleza invejável e única.

Estrategicamente alojados na casa da Padaria, foi nesta magnifica habitação de turismo rural que demos inicio ao workshop e à já habitual sessão teórica. Os corajosos – aqueles que preferiram saltar esta sessão -, que sob alguma chuva que teimava em cair, deambularam pelas ruelas da aldeia à espreita de uma oportunidade fotográfica mesmo ao virar da esquina, sempre sobre a batuta do intrépido Pedro Bento –  o caçador de situações fotográficas.

Após um rápido almoço, fomos de encontro a um local bucólico, mas irresistível: um pequeno recanto de xisto alberga a Fraga da Pena, uma cascata serrana que jorra água límpida e cristalina do alto dos seus 20 metros de altura. A abundância de água que existe por ali ajuda a criar uma micropaisagem verdejante e luxuriante. O medronho – um dos frutos mais característicos da região – e o azevinho conferem uma magia especial a este pequeno paraíso nesta época do ano.

Após a saída da Fraga da Pena fomos de encontro a mais uma pequena maravilha escondida no coração da Serra do Açor: a Mata da Margaraça, ainda salpicada aqui e ali com as cores de outono que algumas árvores teimam em não perder. Entre fotografia mais intimista, onde pequenos aglomerados de cogumelos tiveram direito aos seus 5 minutos de fama, até planos mais abertos, sem esquecer o famoso zoom burst, foi tempo de todos os participantes darem asas à sua imaginação e criatividade.

Quando os raios de luz já não conseguiam atravessar a densa mata regressámos à aldeia na ânsia de conseguir fotografar o tal “presépio de xisto” todo iluminado. Infelizmente para nós, o nevoeiro em torno da aldeia era de tal forma intenso que não foi de todo possível concretizar este nosso desejo.

A noite trouxe-nos o habitual jantar convívio entre equipa fotonature e participantes. Entre futebol e prova de licores – tão típicos na aldeia – foi esperar que o sono tomasse conta de cada um de nós… é que o workshop seguiria dentro de poucas horas…

Se na manhã de sábado o pequeno-almoço na Casa da Padaria foi tomado à pressa por mim e pelo Pedro, na manhã de domingo não me deixei enganar e acordei bem mais cedo para poder degustar o fantástico requeijão com doce de abóbora. E nem vou mencionar o bolo de coco ou de mel…

Chega de falar de comida e voltemos ao workshop. A manhã de domingo estava reservada para uma visita ao ponto mais alto da Serra do Açor: o monte do Colcurinho. Mais uma vez o nevoeiro voltou a ser traiçoeiro e impediu-nos de cumprir o nosso objectivo. Felizmente, a Serra do Açor é uma área com múltiplos interesses e fomos fazer uma visita a um outro local que a sua pequenez não reflecte de todo a sua beleza: a aldeia de Foz de Égua, também ela incluída na freguesia do Piódão e situada na confluência das ribeiras da Chã com a do Piódão.

É um local romântico e aprazível que mais parece ter sido construído para cenário de um qualquer filme de conto de fadas. Duas pontes em xisto são o principal cartão de visita do local, como que a abençoarem a junção das duas ribeiras. O casario muito bem cuidado e tratado mostra o gosto e a paixão que o Sr. Carlos – o proprietário – nutre por esta pequena maravilha. Como não encontro mais adjectivos para qualificar a beleza do local digo ao caro leitor o seguinte: tínhamos agendado cerca de uma hora para estarmos nesta pequena aldeia e acabámos por ficar duas horas e meia… esclarecedor, não?!

Com o workshop a aproximar-se vertiginosamente do seu fim, ainda tivemos tempo de visitar mais duas quedas de água perto da aldeia da Ponte das 3 Entradas, mesmo quando alguns participantes achavam que o workshop já tinha terminado. E assim se deu o ocaso de mais um workshop fotonature… a contemplar uma lindíssima queda de água.

A quem não conhecia esta zona do país levantámos um pouco a ponta do véu sobre a beleza que a Serra do Açor teima em esconder, pois nos seus recantos escondem-se muitos encantos. Aos participantes deste workshop fica o nosso eterno agradecimento. Estou certo que todos nós fizemos a viagem de regresso aos nossos lares fatigados pelo cansaço acumulado ao longo de dois dias bastante exigentes, mas ao mesmo tempo gratos por termos dado um pequeno mergulho no nosso Portugal profundo.

Para finalizar, o merecido agradecimento à Casa da Padaria e neste especial à Sra. Goretti Ribeiro. A sua simpatia, boa disposição e colaboração foram contagiantes para a nossa equipa e respectivos participantes e uma das chaves do sucesso deste workshop. Deixámos a certeza de regressar… só não consigo deixar a certeza que numa próxima visita a Sra. Goretti consiga ficar com stock de doce de abóbora 🙂

Até breve!