Pelas Ruas de Lisboa
26 Outubro, 2013
Sempre quis ser fotógrafo. Mas nunca sonhei que fosse tirar tanto gozo disso
Lee Friedlander (EUA, 1934-)
Contar a história do último workshop de fotografia de rua de 2013 é contar uma história de emoções e de vida. Isto porque são estes os elementos que todos procuraram quando nos aventurámos por Lisboa de máquina na mão para capturar o passo mais ou menos apressado de quem por nós passou.
O desafio era simples e complexo ao mesmo tempo: levar um grupo de mais de uma dezena de fotógrafos pelas ruas de Lisboa a registar para a posteridade quem se atrevesse cruzar-se no seu caminho. Simples, porque uma cidade com a dimensão de Lisboa está constantemente repleta de pessoas; complexo porque o ato de fotografar um estranho provoca sempre uma adrenalina muito especial e o ultrapassar das barreiras psicológicas que esse passo implica nem sempre são fáceis de ultrapassar. Isto pelo menos a julgar pelos comentários produzidos no início da sessão pela maior parte dos inscritos.
Passada a primeira hora de sessão teórica onde os conceitos fundamentais da fotografia vão iluminando as almas de quem ouve, a aprendizagem está já a níveis altos e as perguntas mais ou menos tímidas sucedem-se. É tempo para dominar a técnica e perceber finalmente o que é isso da fotografia de rua. Entre alguns sorrisos e muitas interpretações, apresentam-se mestres como Winogrand ou Erwitt. Estudam-se composições, compreende-se o porquê do click do fotografo e após mais um par de horas está tudo pronto para ir para a rua fotografar.
Após o almoço convívio, apanha-se o metro e em pleno Largo do Chiado coloca-se em prática o aprendido na sessão teórica da manhã. Abertura, velocidade, sensibilidade: com mais ou menos dificuldade, todos percebem e brincam com a santíssima trindade da fotografia. Os mais avançados, ou os que já andam nesta andanças dos workshops fotonature há mais tempo, espalham-se pela praça e fazem os primeiros contactos com as pessoas. Tudo sem stresses, com muita calma e ao ritmo de cada um. Afinal, este será para muitos um primeiro contacto com o acto de andar por aí a fotografar as pessoas mais bonitas do mundo: quem passa por nós! A chuva dá um ar de sua graça mas nem este estado liquido afecta a capacidade de fazer boas fotos na rua. Antes pelo contrário…
Felizmente a chuva passa e é hora de prosseguir em direção à Praça do Comércio. Hora do panning! Com mais ou menos dificuldades todos apreendem esta técnica e todos descobrem que, afinal, movimento e fotografia não são de todo incompatíveis. A chuva volta a aparecer, mas desta vez mais tímida e não nos impede de seguirmos viagem neste evento verdadeiramente 2 em 1: workshop fotográfico e aula de jogging gratuita!
Chegados à Sé é então hora de começar a fotografar pessoas. Os participantes riem-se um pouco, pois não têm feito outra coisa desde que começou o workshop. Afinal, não é assim tão difícil e alguns chegam mesmo a soltar em tom alegre: “É viciante!”.
Aproveito para relembrar algumas das dicas da sessão teórica e relembrar o que fazer (e o que não fazer) para fotografarmos as pessoas sem que um “Não” mais rasgado venha de encontro a nós. A chave está na atitude e com participantes com uma atitude destas não há quem resista a devolver o sorriso com que sempre os nossos participantes encaram os nossos desafios.
Tempo de nos embrenharmos em Alfama e descobrir a aldeia dentro da cidade. Há sempre magia nas ruas de Alfama e essa magia verte sempre da mesma fonte: as pessoas! Desta vez fizemos novas amizades e reencontramos velhos amigos, como é o caso da Dona Ester Caldeira que mais uma vez nos brindou com a sua boa disposição e grande vivência. Oportunidades de ouro para fazer grandes retratos.
Sempre a subir, pois a aula de jogging não para, chegamos à estação final: o miradouro das Portas do Sol. Aqui lança-se um desafio aos participantes e em grupos de 3 são convidados a fotografar com base num tema. É bom ver o jogo de equipa e a diversão a acontecer entre todos. É talvez o momento mais reconfortante do workshop para o formador: ver todos ativamente à procura de fotografias e das pessoas e ver que todos chegam perto e que os receios, se os houvesse, já estão muito para lá das costas.
Este foi sem dúvida um workshop muito especial para mim e espero que para todos os participantes. Revi participantes, revi amigos de infância, revi amigos da rua… Foram 10 horas sempre a correr e a partilhar tudo o que sei com um grupo de 12 pessoas fantásticas! Vai certamente para ao livro de ouro dos workshops fotonature.
Os workshops de fotografia de rua voltam certamente em 2014. Por agora, vamos iniciar o Outono, tempo em que a paisagem natural vai voltar a “fazer das suas” no seio da fotonature. Não vos convido para vir connosco, pois o workshop de Outono na Serra da Estrela está completamente cheio. Mas talvez nos encontremos perto do Natal! Até breve!