Viagem ao Porto Santo

4 Abril, 2012

Na fotonature costumamos dizer que os nossos workshops são verdadeiras experiências fotográficas. E a nossa primeira incursão fora de portas fez jus a esse mote de forma extraordinária. O workshop do Porto Santo vai ficar para sempre na nossa memória, pelas mais variadas razões, e constituiu um marco admirável na história do nosso projeto.

São as 10 horas de um sábado solarengo e os participantes vão chegando à Ecoteca do Porto Santo, um espaço de cultura e aprendizagem ideal para a componente teórica deste primeiro workshop fora de Portugal continental. À medida que se vão cumprimentando conseguimos descortinar uma característica fundamental que irá marcar este evento de forma particular: todos se conhecem, todos falam entre si de forma cúmplice e amiga.

Alcides Correia

A praia da Calheta sob a lente de Alcides Correia

Após um momento de apresentação, que serve mais para o formador reter o nome dos presentes e as suas expectativas, do que para cada um se apresentar aos outros – uma vez que todos se conhecem -, dá-se início à componente teórica. Este workshop está catalogado no tipo Viagem e para além dos habituais conteúdos técnicos onde se apresenta e aprofunda a tríade essencial da exposição: abertura, velocidade e ISO, há também lugar para a partilha de inúmeras dicas do que fazer antes, durante e após uma viagem fotográfica. O objetivo é trazermos dos sítios que visitamos fotografias que encantem os nossos familiares e amigos, mas que principalmente nos orgulhem a nós.

Manuel Costa

Detalhes na pedreira do Pico Ana Ferreira. Foto de Manuel Costa

Passadas pouco mais de 3 horas e está tudo pronto para ir lá para fora tirar fotografias. Mas primeiro, lugar a uma pausa para aconchegar a barriga no Parque Florestal da vila. Num verdadeiro picnic, onde todos degustamos, entre as coisas que trouxemos de casa, as iguarias da Joana, foi-se alimentando não só o estômago mas também a conversa e a partilha. Para a próxima está já combinado que a Joana faz o catering, tal foi o sucesso dos seus petiscos!

Rumamos todos ao Miradouro da Portela, famoso pelos seus moinhos e pela magnífica vista sobre a longa praia dourada do Porto Santo, e é tempo de colocar na prática aquilo que todos retemos na teórica. Testam-se combinações de aberturas, velocidades e sensibilidades, analisam-se histogramas, vê-se o que faz o filtro polarizador, entre outras lições. O objetivo é que todos percebam como fazer uma foto corretamente exposta.

Leonardo Dias

Brincando com a Água, por Leonardo Dias

Enquanto o formador faz a ronda por todos os participantes, garantindo que todos têm a atenção que precisam nesta primeira e fundamental lição, os outros vão testando as suas exposições e tagarelando. Afinal, estar entre um grupo de amigos é sempre significado de muita galhofa e boa disposição.

Mas como estamos ali para fotografar e aprender e não para tagarelar, é hora de rumar a novo destino para mais novas lições. Destino: Praça do Barqueiro. Aqui, acontece um dos momentos mais divertidos, onde se descobre que movimento e fotografia não são de todo incompatíveis. Testam-se várias técnicas de registo do movimento e abordam-se as práticas mais criativas. Com modelos de luxo, tais como o Manuel, João ou Raquel, todos conseguem perceber que o domínio da velocidade de obturação é fundamental para tornar as nossas fotografias em algo mais. Para terminar esta lição, visita ainda a uma das fontes do centro da vila para perceber como registar a água de várias formas. Ali também se confirma um dos lemas dos nossos workshops de viagem onde se diz que “tudo é fotografável, desde que com qualidade”.

Sofia Dias

Criatividade ao máximo! Foto de Sofia Dias

Após uma pausa para café no Campo de Baixo é hora de rumar ao extremo ocidental da ilha para a sessão do pôr-do-sol. A praia da Calheta, com o ilhéu da Cal como pano de fundo, é o cenário perfeito. É nesta altura, 8 horas após o início do workshop, que os primeiros resultados são verdadeiramente esperados e os nossos participantes não desiludem. Usando filtros de densidade neutra, todos percebem o seu valor no controlo da luz e na obtenção de uma exposição mais equilibrada e é também aqui que se entende que o tripé é um acessório obrigatório. Quando o sol começa a fazer a sua magia e a espalhar cor pelo céu pintando de nuvens, as fotos vão deslumbrando os seus autores e o próprio formador que sabe que na sessão de edição do dia seguinte vão surgir verdadeiras obras de arte.

João Fung

O Ilhéu da Cal visto da Calheta por João Fung

No fim deste primeiro dia, quando o sol já desaparece lá para os lados da ilha da Madeira, todos estão cansados mas contentes pelo mundo de descobertas fotográficas que testemunharam. Como formador, este momento de sentir o pulso aos nossos participantes, é extremamente gratificante. Mas amanhã, há mais…

São 7h45 e na costa oriental da ilha está tudo pronto para voltar à carga… fotográfica. Tripés montados e é hora de testemunhar e registar um nascer do sol belíssimo no Porto dos Frades. Desta vez temos o Ilhéu do Farol (ou de Cima) e os Picos de Baixo e do Concelho como pano de fundo. Filtros em riste e vão-se registando os primeiros raios de sol da manhã, hoje já com o saber mais solidificado de como registar a exposição perfeita. Com um ritmo menos acelerado o formador dá tempo a que todos aprendam com os próprios erros, procurando sempre estar presente para corrigir qualquer erro ou para esclarecer sempre qualquer dúvida que surja.

Após o testemunho por todos de como a luz se altera desde minutos antes da alvorada até o sol estar alto no horizonte é hora de procurar detalhes entre a praia rochosa e os magníficos eolianitos que pontificam também esta zona da ilha. É nesta altura também que a criatividade se liberta.

Para continuar a explorar esta vertente, decidimos rumar a outro local. Desta vez, numa incursão todo-o-terreno, chegamos à base do Pico Ana Ferreira e à magnífica pedreira que constitui um dos locais mais emblemáticos do Porto Santo. A sinfonia de colunas prismáticas de formas irregulares ali existente fez com que os populares batizassem esta zona de “Piano” e não houve participante que não quisesse ali compor o seu concerto. Foi também aqui que decidimos gravar para a posteridade a nossa presença e aqui fizemos a bonita foto de grupo.

O Grupo

O Fantástico grupo de Participantes no Pico Ana Ferreira

A sessão prática está a chegar ao fim e naquele domingo de temperatura amena, com o sol entrelaçado numa ligeira brisa e alguma nuvens, a experiência de estar em comunhão com a natureza é mesmo perfeita. Ouve-se um participante dizer “até me esqueço que estou no Porto Santo”. Esquecem-se os stresses dos dias de trabalho e o workshop transforma-se mesmo numa verdadeira experiência fotográfica.

Telmo Reis

Colunas Prismaticas sob a lente de Telmo Reis

Nova pausa para comer qualquer coisa e beber um café e por volta do meio dia de domingo é hora de recolher os cartões de todos e de começar a sessão de edição e de análise às fotos obtidas. Apresenta-se o Adobe Photoshop Lightroom e partilha-se o workflow de edição digital com auxílio de algumas das fotos obtidas no workshop. Percebe-se que a edição é fundamental para transformar os clicks de cada um em verdadeiras fotografias e percebe-se que, afinal, os ficheiros RAW que ao principio parecem um pouco “deslavados” e sem brilho contêm em si toda a matéria prima necessária para produzir as melhores fotos.

No final, quando passamos o slideshow com algumas das fotos selecionadas, feitas por todos, percebe-se como o workshop foi um sucesso também nesta componente. A salva de palmas que se ouve no fim é testemunho disso mesmo. Parabéns a todos! Embora o primordial objetivo destas sessões não seja a produção de grandes fotografias – o principal é mesmo criar um ponto de partida e uma base sólida para tornar os nossos participantes em bons fotógrafos – é sempre gratificante, especialmente para nós enquanto formadores, quando os resultados atingem o nível elevado deste workshop.

São 15 horas e está na hora das despedidas. Longas, neste caso… Parece que ninguém quer ir embora. Estar entre um grupo de amigos foi um privilégio enquanto formador. É com saudades que escrevemos este artigo e com o sentimento profundo que este foi um dos grandes workshops dos quase 5 anos de existência da fotonature. Valeu a penas as horas de voo e de navegação marítima a bordo do Lobo Marinho para tocar, para mim uma vez mais, as areias especiais do Porto Santo e para conhecer cada um dos nossos participantes. Até breve!

A nossa aventura continua já no próximo dia 25 de Abril, em Lisboa, para mais um workshop de fotografia de Rua há muito esgotado.

A fotonature gostaria de agradecer às entidades que apoiaram a realização deste workshop, nomeadamente a Porto Santo Verde, Câmara Municipal do Porto Santo, Ecoteca do Porto Santo e Hotel Porto Santo. À Dra. Raquel Ferreira, da Porto Santo Verde, o nosso agradecimento especial.

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