Workshop Avançado PNSC

“Todo o prazer é um vício, porque buscar o prazer é o que todos fazem na vida, e o único vício negro é fazer o que toda a gente faz.” – Fernando Pessoa

É no Extremo Ocidental da Europa, em pleno Parque Natural Sintra-Cascais, que temos o privilégio de contemplar toda a beleza e imponência do Cabo da Roca, “onde a terra se acaba e o mar começa”, como epicamente descreveu Luís Vaz de Camões. Este cabo caracteriza-se pelas dramáticas falésias que se precipitam de forma abrupta para esse mar dono de uma imensidão arrebatadora e cujo génio não dá tréguas a quem ali o ousa desafiar.

Foto de Rui Figueiredo

Foi sobre este cenário idílico que fomos ao encontro do nosso destino, sem antes enfrentar algumas provações da natureza. Chegar à selvagem praia da Malhada do Louriçal implicou uma caminhada atribulada pelos limites da falésia. Nos últimos metros, estiveram reservados os momentos mais árduos, como que a antever a beleza que seria presenciada caso este último obstáculo fosse superado.

Foto de Pedro Moreno

Após vencerem as adversidades, eis que 8 participantes vencem o medo da descida e um a um vão desembocando nesta enseada selvagem, sobranceiramente vigiada pela pedra Pombeira, uma rocha de enormes proporções, minuciosamente esculpida pelo mar.

Foto de Fernando Santos

Uma vez na praia, ninguém esconde a sua admiração perante a magnitude e a imponência do que se tem pela frente. Rapidamente o medo e o cansaço são esquecidos e é hora de aproveitar os últimos raios de sol deste dia que serão perpétuos na nossa memória.

O fascínio que tenho pelo Cabo da Roca não se esgota apenas nas praias de acesso menos fácil e foi isso que transmiti a quem privou comigo durante o decorrer deste workshop.

Foto de Nuno Correia

Nessa mesma manhã, e a contemplar as falésias e enseadas da Praia do Abano, sentimos a violência com que o mar enfrenta as arribas desta zona. Não fosse alguma chuva que começou a cair ao final da manhã e não teria sido tão fácil levar os participantes para um merecido e reconfortante almoço.

Foto de Diogo Pais

É então ao início da tarde que visitamos a Peninha, na Serra de Sintra, local este que guarda e me devolve à memória inúmeras boas recordações. Lembro que há uns anos foi este o primeiro local que visitei neste Parque Natural, apenas e só com o intuito de fotografar as suas pedras de grandes dimensões, cobertas de um verde quase fluorescente. Ainda que de início alguns participantes tivessem relutantes quanto à beleza do local, rapidamente se deixaram contagiar pelo entusiasmo dos demais.

Foto de Miguel Moreira

No final do primeiro dia de workshop, confesso que sentia uma alegria imensa. Afinal tive o privilégio de partilhar e visitar com 8 participantes alguns dos locais que considero mais emblemáticos neste Parque Natural. Para a manhã seguinte, estava reservado um “local de culto” para todos os apaixonados por fotografia de paisagem, a saber: a praia da Ursa! Essa mesma que em silêncio já foi cenário de juras de amor e de pedidos de casamento.

Poucas horas haviam passado após o jantar e já estávamos novamente reunidos no Cabo da Roca. Eram 6.30 da manhã, do segundo dia de workshop.

Foto de Maria Ferreira

Ao ler as descrições aqui vertidas poderá pensar-se que a escolha criteriosa dos locais onde decorre este workshop é uma espécie de atracão pelo abismo. Mas em consciência vos digo que não é. Em fotografia de paisagem é muitas vezes necessário enfrentar as dificuldades que a natureza nos coloca, apenas e só com um objetivo: fazer A Foto!

Para atingir tão nobre praia precisávamos ultrapassar um considerável desnível que tínhamos pela frente e uma caminhada de cerca de 30 minutos, para por fim desfrutarmos de uma beleza ímpar.
Se a foto de grupo foi um momento de diversão, antes os participantes foram incentivados a levar imagens de um local único e, como que um chamamento, todos obtiveram resultados que nos orgulham a nós fotonature, mas sobretudo a quem os obteve.

Foto de Nuno Reis

Como que uma dádiva, um bonito arco-íris presenteou-nos a todos ou pelo menos a alguns. Outros, de tão concentrados que estavam, nem se aperceberam da sua aparição.

Este workshop, de nível avançado, fica marcado não só pelas imagens conseguidas mas também pelo ambiente de união e espírito de entreajuda que se gerou e que permitiu a todos ultrapassarem com sucesso os obstáculos apresentados. Presto a minha homenagem a esta espécie de 8 magníficos, pois em poucas horas, visitar a Praia da Ursa e a Malhada do Louriçal denota um querer e uma vontade inabalável em vencer as adversidades em prol de uma paixão – a fotografia!

 

Deixo ainda uma palavra de apreço muito especial a um dos elementos da equipa fotonature, o Pedro Bento (atualmente envolvido no projeto dos cursos de fotografia digital fotonature), pois sei o quão especial é para ele este Parque Natural e os locais por nós visitados. Ainda sou do tempo em que ele me dizia: “O Parque Natural Sintra-Cascais é o meu quintal!” 🙂

A todos deixo um enorme e sentido: Bem-hajam!

Aproveito ainda para fazer saber que durante este mês iremos ter mais uma data importante na vida do projeto fotonature, pois será a primeira vez que iremos organizar um workshop fora de Portugal continental e visitar a maravilhosa ilha do Porto Santo.

Até lá, boas fotos!