Workshop Serra da Estrela

Esta história começa na estrada, a poucos minutos de chegarmos ao nosso destino, a vila serrana de Manteigas. Passadas cerca de duas horas e meia, a habitual cavaqueira que se gera nas viagens em fim-de-semana de workshop entre mim e o Luís Afonso é interrompida de forma abrupta. Mesmo à nossa frente, as chamas consumiam parte da mancha florestal do Parque Natural Serra da Estrela, em pleno Vale da Amoreira. Ver noticias de incêndios nos meios de comunicação social gera em todos nós uma enorme tristeza. Assistir ao vivo cria-nos uma tremenda sensação de impotência…

Sábado de manhã, na habitual apresentação do workshop, tivemos a presença do Miguel Serra como representante da Câmara Municipal de Manteigas, à qual dirigimos um agradecimento especial pelo apoio incondicional que temos recebido desde o ano de 2007.

Poucos minutos depois, pela primeira vez – e já são muitas -, vi a cascata do Poço do Inferno parcialmente congelada. Tudo isto para alegria minha e de parte dos participantes que comigo privaram na manhã de sábado, abdicando assim da habitual sessão teórica de fotografia, desta vez a cargo do Luís. A manhã já ia longa e com o grupo novamente reunido é altura de (re)visitar o Vale do Rossim nas Penhas Douradas. Se com neve é, na minha opinião, provavelmente o local mais bonito deste maravilhoso Parque Natural, sem ela os papéis invertem-se e ganha um aspecto desolador. Nem chegámos a montar os tripés. Próximo destino: Salgadeiras.

As Salgadeiras sob a lente de Sérgio Almeida

O tempo estava agradável e muito perto da Torre o termómetro do carro assinalava 20 graus. Após uma pequena caminhada, estamos na zona das Salgadeiras, onde subindo a um penhasco mais elevado a paisagem é de cortar a respiração e vêm-me à memória as minhas aventuras com outros fotógrafos pela lagoa do Peixão, ou não fosse naquele sentido essa idílica lagoa. Mesmo com pouquíssima neve no topo, este Parque Natural reserva-nos sempre surpresas e os nossos participantes descobriam composições e motivos de interesse que me surpreendiam a mim e ao meu colega Luís Afonso.

No topo de Portugal com Margarida Gonçalves Pereira

Foi com sentido de dever cumprido que nos dirigimos para as lagoas da Torre. Na caminhada, ainda foi possível ver os amantes dos desportos de Inverno a esquiarem ou a fazer snowboard na estância de esqui. Após alguns minutos a caminhar, já nem a música que animava o chalet da estância Vodafone conseguíamos ouvir… entrávamos num outro mundo. À medida que progredíamos no terreno avistávamos ao longe a garganta de Loriga e a cordilheira montanhosa da Serra do Açor, fazendo-me recuar no tempo e trazendo-me à memória o magnifico workshop que ali foi dado pela nossa equipa em Dezembro de 2011. Um espelho perfeito, assim se poderia definir o tremendo reflexo que era possível de ver na barragem do Quelhas e que constitui a primeira de três lagoas artificias que se situam na zona da Torre. Quem assistiu ao ocaso do sol naquele lugar sabe que presenciou um momento único e inesquecível, onde o silêncio apenas era quebrado pelos gritos dos formadores a incentivar os participantes a não perderem a oportunidade única de obterem imagens que fossem motivo de orgulho para eles próprios.

Lagoa do Quelhas sob a lente de Jorge Manso

Lagoa do Quelhas sob a lente de Pedro Gonçalves

Quando muitos pensavam que estava na hora do jantar, ainda nos dirigimos ao auditório municipal, gentilmente cedido pela autarquia, para dar inicio a uma das novidades nos workshops fotonature para 2012: a sessão de análise fotográfica. Ali foram comentadas entre todos algumas das fotos obtidas pelos participantes durante o primeiro dia de workshop. Sem dúvida que estas sessões se têm vindo a revelar proveitosas e temos de agradecer a todos os que workshop a workshop nos tem vindo a incentivar para apostar de forma séria nesta componente de análise. Antes do repasto, tivemos ainda a visita do simpático Rui Perdiz, um fotógrafo residente em Manteigas e que nos presenteou com o seu sentido de humor único. Após o repasto hora de ir dormir. Afinal, poucas horas nos separavam do nascer-do-sol do 2º dia de workshop.

Uma das fotos comentadas por Tiago Figueiredo

E porque dos fracos não reza a história, eram exatamente 7 e 15 da manhã quando todos nos voltamos a reunir, desta vez no maravilhoso Covão da Ametade. Passado alguns minutos, o Cântaro Magro já não era apenas e só um pedaço de rocha maciço cinzento. Não! Com o passar dos minutos, à medida que o sol se ia elevando no céu, o cinzento habitual deu lugar a um laranja forte e único que apenas quem assiste ao nascer-do-sol testemunha.

O Cântaro Magro vestido de ouro por Eurídice Cristo

Depois desta contemplação, era hora de procurar outro tipo de fotografia no Covão da Ametade e aí veio ao de cima o olhar mais atento de todos, onde deliciosos detalhes da natureza foram capturados de forma eximia.

O Covão da Ametade sob a lente de Aníbal Marques

O Covão da Ametade sob a lente de Vânia Sampaio

O Covão da Ametade sob a lente de Fernando Matias

A manhã já ia longa e depois da paragem para pequeno almoço é hora de regressar ao Poço do Inferno. Pelo caminho ainda há tempo para explicar a técnica do Zoom Burst àqueles que ainda não a conheciam.

Abstrato criativo de Tiago Barata

The Love Tree por Rita Marques

Para finalizar, lugar à habitual foto de grupo e desta vez com um toque muito peculiar, ou não tivesse sido tirada com uma objectiva olho de peixe.

O maravilhoso grupo de participantes sob a lente de Pedro Gonçalves

Daqui a 3 semanas, teremos um novo capítulo nos workshops fotonature e iremos fazer o primeiro workshop de fotografia de paisagem de nível avançado. Para celebrar tal evento, nada melhor que voltar ao local onde a aventura começou em 2007: o Parque Natural Sintra-Cascais. Junte-se a nós em mais esta aventura fotonature e lembre-se: mais que um workshop, uma verdadeira experiência fotográfica.